(poster do filme, Alexandre, O Grande, de Oliver Stone, 2004)
No século IV a.C., os conflitos causados pela Guerra do Peloponeso
deixaram as cidades-Estado gregas gravemente desgastadas. Sem condições
de garantir a autonomia de seus territórios, elas tornaram-se uma presa
fácil para povos estrangeiros. Ao norte da Grécia, a civilização
macedônica começava a empreender um projeto expansionista que, em pouco
tempo, foi capaz de assegurar o controle sobre o mundo grego. A partir
desse processo de dominação que se iniciou o chamado Período
Helenístico.
No ano de 356 a.C., Filipe II tornou-se rei da Macedônia. Frente ao
governo, Filipe foi responsável por uma reforma agrária que confiscou
terras dos grandes proprietários e redistribuiu as mesmas entre os
camponeses. Tal medida, ao mesmo tempo em que afastou as elites
macedônicas do governo, engrossou as fileiras dos exércitos macedônicos
formados por indivíduos de origem popular. Com isso, o rei Filipe II
criou as condições necessárias para o alargamento de seus territórios.
Inicialmente, os exércitos macedônios conquistaram as regiões da
Potidêia, Antifípolis e Pidna, anteriormente controladas pelos
atenienses. Tempos depois, executou um plano de alianças políticas que
incentivaram a desunião política das cidades-Estado gregas. Antevendo as
pretensões de Filipe II, o orador ateniense Demóstenes, em seus
discursos conhecidos como Filípicas, alertou sobre as intenções do
governo macedônio. No entanto, a preparação militar dos macedônios já
era avançada. Na Batalha de Queronéia (338 a.C.), os exércitos de Filipe
derrubaram os atenienses e tebanos.
Enquanto preparava um novo exército para levantar-se contra os persas,
Filipe II foi assassinado por um aristocrata coríntio, em 336 a.C. Com
sua morte, o trono foi disputado pelos filhos de Filipe e as
cidades-Estado gregas empreenderam uma revolta contra o Império
Macedônio. Foi nesse momento que Alexandre Magno, filho de Filipe,
derrotou a revolta grega liderada pela cidade de Tebas. Para vencer seus
irmãos, possíveis herdeiros do império, Alexandre organizou um banquete
onde ordenou os assassinatos.
Respeitando as tradições do povo grego, Alexandre se proclamou líder
supremo dos gregos e tomou para si a missão de libertar os povos
balcânicos da dominação persa. Graças à sua notória habilidade militar,
Alexandre iniciou um notável processo de expansão que controlou as
regiões da Pérsia, do Egito, chegando a fixar seus territórios até as
regiões próximas da Índia. Alexandre, dessa forma, consolidou um vasto
império.
Ao impor seu domínio, Alexandre teve habilidade de consolidar uma ação
política capaz de evitar levantes contrários ao seu governo. Respeitando
e incorporando as tradições dos povos por ele conquistados, empreendeu
um conjunto de alianças responsável pela manutenção de seus territórios.
Tendo sua formação educacional influenciada pela cultura grega e
admirador dos valores dos povos orientais, Alexandre desejou conceber
uma nova civilização.
O helenismo foi uma política de fusão de diferentes culturas,
principalmente a grega, persa e egípcia. Entre outras ações, Alexandre
desposou a princesa da Pérsia e incentivou o casamento de seus soldados
com mulheres orientais. Ao mesmo tempo, criou novos centros urbanos
(Alexandria, Antioquia, Pérgamo) irradiadores da cultura clássica e
Oriental. Bibliotecas, estudos científicos, obras filosóficas, teorias
matemáticas e esculturas representavam os maiores dos avanços
empreendidos pela cultura helenística.
Morto aos 33 anos, Alexandre não deixou um herdeiro direto para o trono
macedônio. Isso favoreceu a disputa entre os principais generais que
lideravam os exércitos do Império Alexandrino. Ao final da disputa, os
territórios acabaram sendo divididos entre os generais Antígono,
Ptolomeu e Seleuco. O processo de desintegração enfraqueceu militarmente
esses novos reinos, que acabaram conquistados, nos século II e I a.C.,
pelos romanos.
Por Rainer Sousa
Mestre em História